quarta-feira, 24 de abril de 2013

A defesa da República Popular Democrática da Coreia é parte integrante da luta anti-imperialista


A defesa da República Popular Democrática da Coreia é parte integrante da luta anti-imperialista

Gabriel Martinez

A recente elevação da tensão na Península Coreana deu margem para o surgimento de um debate dentro da esquerda brasileira que, no fundo, possui uma dimensão bastante ampla, pois está relacionada diretamente com a luta anti-imperialista.  Como devemos nos portar frente as ameaças do imperialismo norte-americano à uma nação ameaçada há mais de 60 anos? A resposta, para todos os anti-imperialistas e revolucionários parece óbvia e só pode ser uma: apoiar de maneira decidida a República Popular Democrática da Coreia. Certo estão os partidos e organizações que se colocaram de maneira decidida ao lado do povo norte-coreano.

Mas, infelizmente, não foi assim que o problema foi encarado por alguns setores dessa mesma esquerda brasileira. Talvez por ignorância, fruto de um profundo desconhecimento da história das lutas dos povos, alguns quadros chegaram a questionar a importância de se promover a solidariedade à República Popular Democrática da Coreia, e algumas organizações fizeram questão de deixar claro que não participam de nenhuma iniciativa de solidariedade ao país.  De fato, cada pessoa e organização possui o direito de adotar as mais variadas posições diante os vários fatos, porém tais posições revelam algumas coisas, entre elas, a falta de entendimento do caráter do imperialismo contemporâneo, cada dia mais agressor.

Para tentar fundamentar suas posições contra a RPDC alguns elementos tentam apelar para o discurso fácil da “democracia”. Entendem a democracia como um valor universal que paira acima das classes e que somente os países democrático-burgueses ocidentais representam o modelo “verdadeiro” de democracia. Que liberais sustentem esse tipo de posição, consideramos normal, o problema é quando argumentos do tipo são proferidos por comunistas e pessoas que dizem estar do lado do campo revolucionário. “Democracia pura” não existe na Coreia Popular e em nenhum lugar do mundo, simplesmente porque toda democracia possui um caráter de classe. A democracia que existe na RPDC é uma democracia popular em um regime socialista, construída de acordo com a realidade do país, que está em situação de guerra há mais de 60 anos.

Ainda existem aqueles que consideram o modelo socialista coreano uma “aberração”, uma sobrevivência do passado em nosso século e o opõem um estranho “socialismo” que não possui nenhuma base científica e na prática defendem uma mescla de capitalismo com socialismo dentro de uma ordem liberal-burguesa o que por si só é impossível. Ambos setores desconhecem as enormes conquistas econômicas e sociais obtidas pelo povo norte-coreano, dirigido pelo Partido do Trabalho da Coreia.

Desconhecem porque tratam a República Popular Democrática da Coreia como um país de “segunda classe” revelando todo seu preconceito eurocêntrico. Criticar a Coreia Popular utilizando os mesmos argumentos do imperialismo contra o país é uma grave concessão ideológica, inadmissível para aqueles que querem estar nas trincheiras da luta anti-imperialista. Seria interessante se alguns setores da esquerda brasileira, em vez de ficarem vociferando sobre o que não conhecem, estudassem procurando entender a história do bravo povo coreano, que muito pode ensinar aos povos do mundo todo na condução da luta anti-imperialista e revolucionária.